sexta-feira, 19 de março de 2010

Wake up, Alice


"Não estamos mais no país das maravilhas."
Isso sempre me acontece quando caio da cama e acordo com a voz safada do Tyler cantando-me Crazy. Para lhe dizer a verdade, meu caro, já estou irritada com a música, vou até trocar hoje à noite. Quero acordar com bossa nova agora. Um Vinícius, Tom, Toquinho... quero algo suave em meus ouvidos ao acordar. Sabes? Algo que me faça despertar como se eu ainda estivesse dormindo.
Mas o que me impressiona tanto, é a capacidade de um aparelho de criação humana conseguir nos tirar tão fácil de nosso próprio mundo ao dormirmos. Como se estes tivessem o poder de nos arrancar sem nem pedir licença ou até mesmo algo como posso-te-acordar-tá-na-hora. Penso logo que, é injusto o modo no qual a maioria de nós acordamos. Seja para trabalhar, estudar, ou até mesmo porque marcou tal hora em tal canto e precisas ir sem atraso. Usamos geralmente estes aparelhos eletrônicos para realmente nos acordar com brutalidade, que, no qual, nos dê aquela vontade imensa de quebrar aquela coisa tão pequena na parede ou então até mesmo conversar com ele e pedir para ficar mais uns cinco minutos deitada(o) na cama, a espera do inesperado. Ou até mesmo a espera de voltar ao sonho no qual fostes interrompida(o) e era tão bom.
A verdade é que, sem sombra de dúvidas, para mim ultimamente, meu melhor momento no dia é aquele no qual eu tomo um banho geladíssimo e coloco meu pijama e, me encontro em meus sonhos. Dormir para mim, vem sendo sinônimo de esquecer problemas. Até mesmo me esquecer. É fácil se esquecer ao dormir. É como se, fostes comparado a algo no qual tenha bateria, e à noite, é o único momento que podes recarregar. Mas parece que minha bateria vive sempre carente.
Meu coração é o mendigo mais faminto e miserável da esquina. Possuo a necessidade de, em cada sonho ou em cada sono, alimentá-lo. Pois sei bem que ao acordar, ele estará pulsando em meu peito à procura de migalhas para matar sua fome. Como se, todo o tempo, eu precisasse renovar o sangue no qual ele espalha pelo meu corpo, senão, é como se este fosse pulsando cada vez mais rápido ao ponto de eu mesma não suportá-lo e querer arrancá-lo de mim.
As vezes é mais fácil viver sem.

Querido despertador, me permites voltar a dormir agora?

Um comentário:

  1. Acordar ouvindo bossa é ótimo... As vezes da preguiça de acorda ou/e se levanta. :S

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