sábado, 19 de junho de 2010

Depende de como você vê

A vida se inventa
A vida se cria
A vida se exala
A vida se esguia

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Poema para Sebastião

"Te fiz um samba de saudade
Dos acordes, minha metade
Da viola, meu divã
Pra te lembrar do meu desgosto, Sebastião."

Eu estava lendo uns versos alheios, quando me veio à mente, escrever um samba canção sem melodia. Um poema. Sebastião é o nome escolhido, para distinguir alguém que eu nem sei quem. Minhas táticas faceiras de demonstrar de que uma saudade pode ser exprimida em quatro versos. Fui buscando nas entrelinhas de palavras, alguma justificação no que eu iria transpor. E o desgosto, na parte final, é como se Sebastião tivesse aprontado tantas com ela, porém esta mesma não perdoa-se por sentir a falta dele e mesmo assim, ainda demonstra. Mas nunca deixa de relatar seu desgosto pela sua partida.

domingo, 6 de junho de 2010

Domingo


Você sai pela rua, na intenção de perder teus passos por algum lugar no qual não identificas. E entras em algum lugar mais quente, pois não só ti, mas teu coração também, está morrendo de frio. E as vezes, o frio interno parece não esquentar nunca. Seria engraçado, um frio esquentar. Paradoxo gostoso esse. Mas ainda não inventaram casacos para este tipo de frio, enquanto isso, tu pedes um café para ver se melhoras do teu frio. O inverno está chegando, mas parece que pra ti, durante toda sua vida, têm sido sempre inverno. Ou outono. Oscilam um pouco. Mas na verdade, tu sentes falta do verão. Mas não digo de estações do ano, mas estações do corpo, digamos. Mas dentro, tu me entendes? E não fora. Tem nada a ver com o que temos fora. Na verdade, é o que pouco importa. Todos sabem fingir muito bem, quando algo está apertando. É a coisa mais fácil, como diz o Caio, colocar um Band-aid no coração, um sorriso nos lábios, e tudo bem. Mas e quando esse sorriso, estiver sendo difícil de mostrar? O que fazemos?
O que acho mais graça, em escrever, é criar objeções. Você está feliz, porém estás triste, mas assim tu continuas fingindo sua vida e quando ficares um dia realmente triste, quando quiseres largar esse seu fardo, vão ser poucas as pessoas que aproximaram-se de ti. Acredite, eu posso ser nova mas nisso tenho alguma experiência.
Com todo perdão da palavra, meu caro, as pessoas cagam literalmente para os teus sentimentos, e para o que tu deixas de sentir ou pelo que tu sentes. Eles querem mesmo é que tragas benefícios para este, senão, te menosprezam como um cão. Mas as vezes, as pessoas menosprezadas são justamente aquelas que mais doam-se as pessoas em geral. E é uma das piores dores. A dois anos atrás, eu achava que tinha tudo, quando na verdade tinha nada. Tinha nem identidade. Meus amigos eram fantasiosos, e quando eu quis sumir, nenhum deles chegaram e perguntaram algo como: tu-estás-bem?-vem-cá-eu-te-ajudo... mas quando um deles passavam por alguma situação crítica, tu eras sempre o primeiro a estar ali ao lado dele perguntando o que este precisara, ou disponibilizando-se. A questão é: não temos que pensar em nossas recompensas, mas sim nos doar-mos cada dia mais. Mas desgasta. Desgasta demais. As vezes, tu quem precisas ser cuidada, mas aí guardas a tua dor e vai consolar o teu próximo. Como terás força para dar para alguém, se as suas estão quase extintas? Aprendi que não importa quantas vezes tu doe-se para alguém, a maioria das vezes é sempre ti mesmo quem vai sair com alguma conseqüência. Talvez porque exijas muito de ti. Tu preocupa-se com coisas que ninguém se preocupa, mas mesmo assim tu sustentas algo inexistente apenas com aquela esperança disto um dia existir, ou de alguma forma, isto existir para ti. Pode não existir para ninguém a tua volta, mas para ti sim. E o que importa?
O que importa a alguém ler o que eu escrevo? Mas eu escrevo. Porque eu tenho a esperança de alguém ler. E é assim que somos no nosso cotidiano. Todos os dias ao levantarmos, precisamos arrancar com todas as vísceras, sangue, e veias, algo para trocar de roupa, comer, e continuar. Mesmo isto sendo difícil, é necessário. Lei da natureza. Continuar. Essa palavra pesa para mim todos os dias, chego às vezes até a escrever em meu caderno, livros, ou algo que esteja em contato comigo, para ver se me encoraja. Não é questão de não ter motivos, é apenas...cansaço. Nós cansamos também.
Para mim dói. Aliás, tudo para mim anda doendo mais do que o normal. Como se eu estivesse me recuperando de uma dor nas costas e qualquer peso que eu levantasse, fizesse reflexo nelas. Como se seu lugar não fosse esse, tu não fosses tu, e nada disso é nada. É simplesmente um vasto caminho. E tu continuas andando. Con-ti-nu-ar.