sábado, 13 de março de 2010

Longe, longe, longe, aqui do lado... Paradoxo: nada nos separa.


Sempre fui muito repulsa à distância. Para mim, sentir saudades era um martírio, um ato crucial, como se tirassem seu coração sem nenhuma dó nem piedade e, o colocasse em sua mão, para sentires este bater. Mas o coração não bate sem sangue. Ou pode haver uma controvérsia entre a ciência e o ato poético. Em particular, gosto muito mais do ajuste poético, acho que este deixa as coisas um pouco mais... floridas, me entendes? A ciência é muito nua e crua, muito real e para que quero algo real, se eu já vivo na realidade? Agora me lembrou uma música do Leoni no qual dizia "A ciência confirma os fatos que o coração descobriu. Nos seus braços sempre me esqueço de tempo, espaço...". O coração pode até parar de bater sem o sangue, mas tenho dito que, se me entendes mesmo, ele não parará de bater de imediato. Pode demorar, uma quinzena, uma semana, um dia, uma hora. No caso, o sangue, seria a pessoa/coisa/objeto/lugar/fotografia/cheiro/beijo no qual sentes saudade e sem isso, é como se seu coração tornasse a bater cada vez mais lento, pois tu sabes como ninguém, que este teu orgão tão (in)voluntário precisa destas coisas no qual mencionei, para bater como batia antes. E é assim que a maioria das vezes todos se sentem. Agora não venha me dizer que sou deprimente, melancólica, depressiva, doente, por favor, me deixa ser feliz, cara! Não é deprimente sentir saudade, não é deprimente se entristecer, não é deprimente se apaixonar, não é deprimente seu coração parar de bater aos poucos e tu lentamente morreres sem ninguém perceber, porque perdeste algo no qual tu gostas. Eu não digo que perdi algo, eu digo que nunca tive esse algo. Mas eu já disse isso em antigos posts. Como diz meu grande Caio Fernando: "Não sou pedaço, mas também não me basto." Esse algo resseca-me a palma das minhas mãos já tão acostumadas ao nada, ou ao tudo. Mas eu quero o meio termo eu acho. Eu quero algo que não esteja nem em cima nem embaixo. Nem em uma extremidade nem à outra. Nem oito, nem oitenta. Algo nem tão pop nem tão heavy. Mas entre o pop e o heavy eu prefiro o heavy. Por favor, odeio coisas que me façam dormir, só em casos extremos. Se bem que as vezes me atrai. Mas voltando a falar do coração, do sangue, e da batida... É como se eu estivesse de frente para ele, o vendo ali, parado em minha mão, tão lambuzada de sangue, assistindo ao meu próprio meio de vida, lentamente morrer. Mas a ciência ganhou um ponto, ainda existe transplante de coração.

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