terça-feira, 30 de março de 2010

Você é o que ninguém vê, ou és o que os outros vêem?


Engraçado é observar as pessoas em seus atos diários, ou conversas em uma roda de amigos. É questionável estar em uma mesa com vários amigos nos quais pensas em que conheces bem, porém faltamos com a inteligência maioria das vezes de que, nós nunca conhecemos o outro completamente, talvez porque nós não somos capazes de conhecer a alma de cada um. O coração de cada. Quem lhe garante que sou o que achas? E quem me afirma de que és aquilo que eu acho que és? Somos uma incerteza a cada dia em que se passa, nos tornamos mutáveis a cada manhã em que nos levantamos e fazemos nossas obrigações diárias, ou as vezes nem mesmo isso. E chegando um pouco mais longe, quem afirma-me de que conheço minha mãe? Somos meros humanos nos quais convivemos em um meio social e, para nos adaptarmos ou até mesmo nos incluírem em algo, precisamos na maioria das vezes modificar o nosso "ser" para poder assim, ser valorizada(o). Porém nos esquecemos de que, a coisa mais bela em que temos, é o interior no qual guarda o que verdadeiramente somos, e não o que os outros podem ver. Aliás, se não somos aceitos em determinados grupos, em vez de ser algo triste e doloroso, devíamos ficar contentes no fundo, pois sabemos de que não precisamos da aceitação social, mas sim de nós mesmos. Não sei se compreendes o que eu quero dizer. Nosso interior é composto de dores e alegrias. Repentinas, duradouras, longas ou curtas. Somos o que a maioria das pessoas não conseguem enxergar e muitas das vezes nos julgam por determinada coisa na qual passamos longe. Somos o choro calado de alguém que sente saudade de algo em que nunca viveu, porém nunca contou isso para ninguém. Somos a ausência de um ente querido no qual não está mais entre nós. Somos a falta de um beijo de bom dia ou de boa noite do pai que está distante. Somos o abraço partido de um avô que não vemos a um bom tempo. Somos o beijo de despedida do namorado(a) em que partiu levando todos teus sentimentos consigo. Somos a dor de uma distância, o cheiro de uma camisa, o perfume impregnado, o espaço entre dois corpos, a fala de uma pessoa, o sorriso bondoso, a briga com a mãe, o arrependimento com o pai, o orgulho preso dentro de si, o enxame de palavras que teimam em ficar presa em sua garganta, aquele bilhetinho guardado, o primeiro amor, o frio na barriga, o beijo da sua avó, o primeiro vestido de formatura, a primeira dança, a primeira vez, a primeira noite de amor, os questionamentos, as lágrimas contidas, o grito interno, a quebra de um silêncio, o vestibular, o primeiro trabalho, os sonhos, o banho de chuva, desejos, vontades, anseios, a liberdade.
E a cada dia que se passa aumentamos algo em nossa lista sem fim, partida do infinito rumo à eternidade. E eu lhe pergunto, quem vê tudo isso dentro de ti além de ti mesmo?
Nem mesmo seu melhor amigo que lhe conhece desde da época em que brincava de boneca, ou jogava futebol naquele campinho que hoje em dia nem existe mais, lhe conhece. Odeio quando te enganas assim. Podem até fingir, concordar, mas ninguém nunca irá compreender o que se passa dentro de sua mente, seu interior e seu coração. O pronome já diz tudo, é seu! Assim como nós fingimos que entendemos como tal pessoa está ao passar por uma fase ruim ou até mesmo como se sente ao passar em um concurso no qual tanto almejava. Não sabemos. Somos distintos. Cada um de nós temos um DNA, um material genético diferente. Cada um reage de uma maneira diferente diante de certas situações e, eu custei a compreender isso. Sou da maneira mais caótica possível, como já dizia meu grande Caio Fernando.
Muitas das vezes me senti uma mutante por ser o oposto de certas pessoas, mas me dei conta que, eu não sou elas. E elas não sou eu. Ninguém na face da Terra tem o direito de obrigar-te a pensar do jeito de tais pessoas, ou a agir de tal forma. Eles são eles! Você é você. Eu tenho minhas opiniões e não mudo porque uma pessoa não gostou e, para eu ser incluída em certos grupos de relacionamento amistoso. Se for para ganhar amizades ou amores desse jeito, prefiro ser como eu sou e não mudar para ninguém. Não tem porque. Não tem motivos para isso.
Nunca podemos julgar o que acontece no interior das pessoas além de nós. Nem nós mesmos podemos nos julgar, as vezes são coisas que só nosso coração entende.
Eu não sei quem sou. Não sei quem é a minha mãe. Não sei quem é o meu pai. Não sei quem é a minha irmã. Em outros termos posso dizer que vivo em casa com estranhos quase conhecidos, pois cada um pode ser qualquer pessoa a minha frente, mas por trás, quem sabe? Viver é um verbo fácil de conjugar porém difícil de decifrar. Há várias formas de entender e colocar em prática esta palavra, só depende de você. Nascemos separados para possuir nossas próprias decisões que virão pela frente. Somos criados por pessoas que um dia foram do nosso tamanho, mas com a vida, aprendeu coisas que para nós ainda estão vindo, e assim, tornam-se responsáveis por saber o que vem pela nossa frente. Assim como seremos daqui a alguns anos. E criaremos nossos filhos assim como nossos pais também nos criaram. E estes provavelmente farão a mesma pergunta que fizemos quando éramos jovens. O que realmente somos? Somos uma geração nova, que, no futuro, se tornará velha. Inovação é necessária, sim. Sempre? Acho que não. No futuro tudo se tornará o ontem, o hoje se tornará o ontem, o amanhã também.
E, ao longo dos meses, quinzenas, anos, séculos, dias, nossa vida irá se tornando um ontem resolvido ou mal-resolvido. Seremos vítimas do nosso próprio futuro no passado.

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