terça-feira, 13 de abril de 2010
Controle (vital) remoto
Podemos considerar as pessoas como passageiras de uma embarcação chamada de vida. Paro para pensar em quantas pessoas eu já conheci e já abandonei, em quantos apartamentos eu já morei e já deixei, em quantas cidades já vivi e já saí. Somos nômades da nossa própria vida, seja ela pacata ou movimentada. Pouco importa. O que importa é que vives. E viver é espantoso, não diga-me o contrário.
As coisas, pessoas, cidades, amores, apartamentos alugados, foram feitos para serem deixados para trás. Não me venha com esse ditado no qual vistes naquele filme onde a mocinha vive feliz para sempre com o mocinho, dando ênfase no "sempre". Não estamos na fábula da Carochinha. Não somos os mocinhos da nossa própria história embora haja tantas madrastas e bruxas. Passamos por situações na qual achamos que estamos literalmente sem saída e, dia após dia as coisas amenizam e aí tu já podes respirar fundo e sentires o ar penetrar em seus pulmões tão sujos de cigarro de quinta categoria, no qual fumaste de nervoso. O que tenho para dizer é, durante toda nossa trajetória, passamos por pessoas que nos ensinam o que ao longo do tempo aprendemos, e quando achamos que aquela nossa professora que nos ensinou o Bê-a-bá é nada comparado aos inúmeros problemas de trigonometria que tens que fazer ou geometria descritiva, estás enganado(a). Muitas vezes aquelas pessoas que nos falha a memória, são as mais importantes para justificar aonde chegamos. Há quem diga conselhos, há quem explica certas situações, há quem ama, há quem cuida. Sempre há um tipo de pessoa para tudo em nossa vida. Mas não te enganes: nós também somos isto para elas.
Não passamos de uma imagem embaçada no espelho de um banheiro, um futuro mal previsto, um protótipo de uma pessoa recém chegada na vida. Somos a sensibilidade de alguém que vive sem saber o porque realmente vive.
Muitas pessoas irão marcar nossas vidas, a maioria delas nos farão chorar e a minoria sorrir. Não te iludas confiando em todos que vês pela frente, a maioria deles são lobo em pele de ovelha, no qual esperam uma oportunidade certa para transformar-se. Todos passamos por este bote um dia. E com isto, aprendemos que as pessoas são menos misteriosas do que pensam que são. Deves perguntar-se o porque do título e o que tem a ver com o que estou falando nesta discursiva. Acontece, meu caro, que nossa vida toda ou a maior parte dela, está baseada em pessoas nas quais cruzamos todos os dias pelas ruas e nem sequer sabemos o nome. Há pessoas que tornam-se incapazes de serem esquecidas e outras, que em um estalar de dedos conseguimos nem mesmo lembrar o nome. Por pura vontade. Nós quem escolhemos quem fica e quem saí, as vezes com muitos erros, não digo que sois perfeitos. Somos feitos a base de erros. Porém muita das vezes julgamos pelo que vemos e não pelo que conhecemos. Somos bombardeados todos os dias com fofocas e disse-me-disse no qual afeta nossa relação (in)diretamente com as pessoas. Dificultando-nos a aceitá-las do jeito que são e tendo assim dificuldades para nos entreter com as diversas diversidades humanas, devido ao que plantamos.
Estava observando um dia, o que já ensinaram-me durante esse percurso que tenho feito em minha vida, e notei que, algumas coisas que aprendi no tempo em que eu ainda nem sabia falar direito, prevalece até hoje em dia. Cada um de nós sabemos o verdadeiro significado de alguém em nossas vidas, um lugar, um cheiro, uma foto, uma lembrança. Somos feitos de pequenos pedaços de saudades misturado com desejo de ser alguém. E quando olhamos para trás e vemos quantas mulheres e homens nos ajudaram, nos apoiaram, nos ensinaram, nos amaram, nos cuidaram, nos trataram, nos apoiaram... percebemos que algo não fizemos em vão. Que o que viemos fazer na Terra, se ainda não está completo, metade já está, pois o mais importante que aprendemos na vida foi o fato de acumular afetos, carinhos, amores. O resto é resto. Ninguém precisa de restos para ser feliz. E enquanto isso, nossa vida vai passando como um trem parando em cada estação, descendo e subindo pessoas, rostos, faces, diferentes corpos, transitando pelo meio de nós na tentativa de nos ensinar alguma coisa no qual já aprenderam e querem nos repassar. E assim poderemos ensinar a nossa geração e assim por diante. Nada dura para sempre. O sempre não existe e nunca existiu. Não somos para sempre, então, como podemos achar que algo ou alguém é para sempre? Não sejamos tolos. Mais dia menos dia estaremos junto com outros ciclos sociais e, aquele nosso ciclo antigo, amigos antigos e amores antigos, servirão apenas de passatempo e um certo tipo de melancolia no qual irá nos perturbar todo domingo pela tarde, batendo a nossa porta, nos chamando para compartilhar com estes os momentos nostálgicos que passamos juntos. Enquanto o tempo passa, as coisas movimentam-se, nós mudamos, o mundo fazendo sua rotação e, as pessoas sempre indo e vindo de nossas vidas, fazendo de nós abrigo temporário para um alojamento de momentos e ao sair, saí por completo. E sempre nos deixa com espaço para um novo tipo de alojamento para uma pessoa totalmente diferente, uma ocasião inusitada. E nisso, nos damos conta de que nunca soubemos o verdadeiro significado do "para sempre" e falávamos isso porque era bonitinho transmitir um certo tipo de intensidade para o(a) algo que está recebendo, sentir-se querido. E, nossa vida, sempre sendo cenário de um curta-metragem onde o fim é o que tem-se de mais certo.
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