segunda-feira, 31 de maio de 2010
Pra sempre ou só por um momento
Gostavam-se um do outro exatamente como eram. Ou como são. Não coloco no pretérito porque ainda não acabou, ou melhor, nem chegou a começar.
Seus dedos deslizavam sobre o corpo dela enquanto dormia, e a dedilhava marcando cada ponto seu. Ele gostava como ela costumava dormir. E os dois dormiam sempre juntos. Foi difícil para ela adaptar-se à sua ausência.
Mas comprovaram que, não era impossível amar e ser amado o tanto quanto amavam. Não tinha diferença de sentimento, amavam ambos em iguais medidas, em iguais pesos. E a cada dia apaixonavam-se por algo no qual ainda não chegaram a descobrir no dia anterior, mas que no dia seguinte ressurgira. As coisas mais simples foram as que mais deixaram a saudade bater na porta. Aquele sorriso perdido por entre um beijo de boa noite, ou até mesmo aquela briga no dia que tiveram que apresentar-se em uma exposição importantíssima, e ela como sempre se atrasava. E ele a esperava. Podia esperar o tempo que fosse, todos os dias, mas não naquele. Mas como sempre, cediam. Cediam porque nada era maior do que o sentimento em que um sentia pelo outro, pelo menos ali, era eterno. Poderia durar meio segundo, um quarto de segundo, mas eternizava-se.
Ele gostava do jeito como ela passava a mão por sua nuca e o puxava para perto repetindo que ele não passava de um guri muito bobo, ao demonstrar ciúmes. E ela gostava de quando ele falava que nunca tinha encontrado ninguém igual a ela, e gozado, pareciam se conhecer a tanto tempo, desde sempre, porém estavam juntos a cinco meses. Por entre tantas as outras coisas que um odiava e amava no outro, destacavam as características cotidianas, no qual conviviam todos os dias ao acordar.
Ele gostava de quando ela acordava sem nada em seu rosto, com sua cara totalmente limpa e totalmente com sono, e como ela passava a mão em seus cabelos, como se ainda tivesse o prazer de cuidar-se para ele, só para ele, pois não havia mais ninguém naquela casinha, além dos dois. E gostava de quando ela fazia seu chá em dias nublados e sentava com seu moletom cinza, que ficava gigante nesta, e ficava lendo um de seus livros estranhos no qual nunca foi muito seu estilo. Mas a contemplara mesmo assim, e contornava cada passo em que esta dava. Gostava também da sua timidez e de como corava quando a elogiavam. Gostava de como era baixinha e de como ficava irritada quando em seu primeiro encontro, jogava brincadeirinhas do tipo sem-nenhuma-graça para ver se a chamava atenção, e deu certo. Gostava do seu jeito de falar, e de não saber nunca resumir os filmes. Sempre acabava falando mais que o normal, e gostava ainda mais de quando esta ficava brava e dizia: porque-estás-me-olhando-desse-jeito-nunca-me-viu-antes? Adorava pegá-la no colo e cuidá-la como se fora sua jóia rara e tinha vontade de guarda-la de todo o mundo, e tê-la só para ele. Gostava de seu perfume espalhado pelos ares ao amanhecer, e dos seus beijos ao acordar. Adorava suas birras, erros, acertos, choros, caras, cada milímetro dela.
Ela adorava o jeito que ele sorria meio de lado, e o jeito que arrumava seu cabelo. Adorava como a cuidava e como a fazias sentir-se amada. Gostava de sua calça meio caída e de sua humildade com as coisas. Gostava de sua paciência e da sua atenção, e ainda assim, fazia de tudo para este perceber que era ela. Adorava o jeito que ele sentia ciúmes e do jeito que a provocavas. Adorava como tratava as pessoas e como tinha um certo tipo de pureza em seu coração. Adorava seu perfume ao sair e seu jeito de arrumar a casa. Adorava sua preguiça de sair de casa e seu sofá no qual não largava por nada. E gostava mais ainda quando a puxava para deitar-se com ele e ficarem juntos esquecendo-se assim do mundo que, porventura, ainda girava lá fora. Fora dos dois. Adorava seus cabelos molhados e suas covinhas ao sorrir. O jeito em que falava, e como pronunciava cada palavra dita por este.
Gostava de escutar sua voz ao dizer só-liguei-pra-ti-para-ouvir-tua-voz-mesmo-e-lhe-desejar-uma-boa-noite. Gostava ainda mais da sua maneira de viver, de dar-se com a vida.
Como se fosse um motivo mais além da vida ser colorida, devido ao seu cheiro espalhado pelo ar. Era gostosa a sensação de voltar para casa após um dia de trabalho e encontrá-lo sentado em seu sofá bege, ou então deitado, com aquele sorriso que derretia todos os satélites. Gostava das viagens inusitadas, e das músicas. Gostava de quando ele tentava ensiná-la a dançar e nunca conseguia. Gostava de seus poemas, músicas, poesias, versos, e frases. Mas de tudo o que ela gostava nele, gostava ainda mais do jeito de como a fizera sentir em tão pouco tempo. Não era apenas um marido, era um namorado, amante, cúmplice, amigo, irmão, companheiro.
Difícil era enjoar-se um do outro, podiam até ficar sem falar-se uns dias, mas sabiam que se falariam logo mais. Era muito raro um ficar sem o outro. Porém, um dia, tiveram que adaptar-se.
Um dia as coisas terminam, fisicamente. Sempre terminam. Não te enganes. Mas isto não quer dizer que o sentimento tem que terminar também...
Acostumava a sentar-se no sofá bege, sozinha. Assim como ele, acostumou-se a escrever para ninguém, porém sempre tendo alguém, o seu alguém, que era a tal guria dos cabelos escuros, dos olhos cheios de esperança, que pintava seu mundo com um pincel que só esta tinha e mais ninguém. E ela, pintou para si mesma, o retrato mais bonito que seu coração gravou do guri mais bobo que já conviveu. Mas o mais raro e o mais bonito que ninguém jamais terá. Não igual ao dela. Porque o dela, era só dela. Assim como a dele, era só dele. Feitos um para o outro, poderão percorrer todos os caminhos da vida, mas saberão em quem irão repousar o seu amor. E onde irão deitar quando estiverem cansados e abatidos.
Terão um ao outro, assim como têm a sorte.
sábado, 15 de maio de 2010
If i could be who you wanted, all the time...
Investir no mundo interior as vezes não é má ideia. Perder-se não é entrar em uma fria, ou esconder algo obscuro. É apenas...perder-se. Isso não quer dizer que a pessoa seja totalmente apta a saber o que quer e quem quer e aonde quer ir. Não teria graça nenhuma combinares tudo em sua mente, como um programa de computador, adotado para lembrar-te o que tu queres lembrar, e tu nunca esqueces devido a algum tipo de impulso nervoso, onde está tudo tão arquitetado que para ti, tu sabes exatamente o que és. Mas na verdade, estás mais perdido do que todos nós juntos. Apenas achas que encontra-se em perfeita simetria junto com a sua vida. E tu vives a sua vida exatamente como todos vivem, mas aí é que está o problema, pelo menos para mim. O meu ponto de vista é diferente do seu, as vezes até demais. Mas viver igual a todos, nem sempre é a melhor opção. Um dia escutei de um senhor, falar que a maioria está sempre errada, e a minoria sempre vence. Não respondi nada de início, as vezes o silêncio fala por nós. Mas logo em seguida pensei que, como de costume, a maioria sempre engana-se com os fatos que no caso, acham que está certo, porém só os poucos, só aqueles que realmente criticam tudo e todos, conseguem discernir certas ocasiões apresentadas ao longo de nossa vida. Não sei se compreendes onde eu quero chegar. Na verdade, quero chegar a lugar nenhum. Escrevo porque não tenho muito a fazer, claro. Tenho uns exercícios de química, de física, matemática I e II, e tenho que ler um livro de literatura. Mas na verdade, minha vontade é de ficar sentada sem fazer absolutamente nada. Quando temos muita coisa para fazer, tendemos sempre ao nada.
Ficamos estagnados diante de tantas coisas que nos colocam em nossa frente e nos cobram isto, que ficamos dispersos e acabamos fazendo nem o que queremos nem o que nos mandam fazer. Eu pelo menos, fico apenas...parada. Não tem o que dizer. São as regras. Que regras? Ter que tirar notas boas e passar no vestibular. Certo. Passar de ano. Certo. Ser correta. Certo. Falar bonito. Certo.
Mas é isso tudo o que realmente queres? Ou na verdade tu queres descobrir a si mesmo descobrindo o mundo. Andar por aí, na tentativa de encontrar algo que não esteve e nunca esteve dentro de ti, mas sim perdido por algum canto no qual tu nunca passaste, mas ao mesmo tempo tu precisas passar para descobrir que parte é essa que tanto te falta no cotidiano. Essa parte pode estar no ar em que respiramos, em alguém que nem sabemos e nem ousemos saber se iremos conhecer ou não, ou em cada estrada que partimos rumo a algum tipo de lugar, não precisa estar em mente. Mas é um lugar.
Impõem sempre um tipo de personalidade que nos enquadrariam no nosso roteiro cotidiano, no qual as pessoas iriam lhe aceitar melhor. Mas quem são eles? Apenas rostos desconhecidos que te julgam por tal imagem passada de ti para eles, e nem sequer esforçam-se para pelo menos saber se tu gostas de quente ou frio. Querem o que lhe dão benefício. As pessoas andam cada dia mais perdidas dentro de uma imagem construída não por eles mesmos, mas sim quem os rodeiam. Não estou julgando o jeito de ninguém viver, estou falando como um todo. Em minha opinião. Não quero e nem preciso que ninguém obtenha o que eu penso. Pelo contrário, somos seres ímpares e nascemos separados um do outro justamente para termos liberdade de pensarmos o que quisermos. Mas muitas vezes nossas mentes ficam limitadas em um mundo concreto, onde só acreditam no que vêem e não no que pode acontecer. Se tu queres um dia voar, alguém certamente chegará para ti e dirá que tu nunca poderás fazer isso. porque nunca ninguém conseguiu, e está provado. O que na verdade está provado? Provas são papéis concretos de alguém que pesquisou sua vida toda dedicando-se especialmente naquilo que lhe impôs. E aí tirou a conclusão real: impossível.
Quem tem uma mente pequena, tem um mundo pequeno. Acredito em tudo que podem dizer ser impossível, mas isso não quer dizer que muitas vezes eu consiga. E isso, não vou mentir, desgasta. Desgasta muito, meu caro. Dá uma vontade de sair correndo e e procurar algum tipo de abrigo para sua dor e sua frustração, mas sempre continuamos. É lei da vida. Acordamos, tomamos café, escovamos os dentes e continuamos. Seja lá como estiver o dia, tua dor pode estar gritando dentro de ti, mas tu terás que uma hora, levantar da sua cama e enfrenta-la por si só. Eu não vou curar sua dor. Isso é coisa tua com ti mesmo. Ninguém irá chegar para mim e dizer olha-só-estou-aqui-com-um-remédio-que-é-tiro-e-queda-para-dor-emocional, antes fosse.
Mas se eu falar-te uma coisa, certamente irás me achar louca, mas é verdade: a dor as vezes não é tão ruim assim. Quer dizer que estamos vivos. Sentimos algo. É muito ruim ficar sem sentir nada, meu amigo, muito ruim. É pior do que sentir uma dor no membro do teu corpo no qual tu não o tens mais. É pior do que qualquer tipo de dor física. Acho que sim, sentir é perigoso. Mas ficar inerte, é mais perigoso ainda. Eu já fiquei assim. Foram dias onde, nem mesmo o que eu mais gostava de fazer, adiantasse algo. Meus passos pelas ruas eram em vão, como se meu corpo estivesse aqui porém minha alma já tivesse sido levada a muito tempo. E eu estaria simplesmente em processo de decomposição. E doía. Doía sem remédio. Não podia falar. Não podia chorar. Não podia rir. Não tinha como, era travado. Era vontade de tudo e nada ao mesmo tempo. Ainda tenho isso, na verdade, isso nunca cura-se totalmente. Mas sobrevivi. E sobrevivo todos os dias pela manhã. Seja triste ou feliz. São virtudes que tivemos o privilégio de ter.
Sendo que somos todos os dias algo diferente. Nos afastamos. Nos aproximamos. Ficamos distantes. Ficamos eufóricos. Mas são poucas as pessoas com paciência de compreender o estado de humor do indivíduo. Nem todas irão suportar quem tu és hoje e amanhã ser algo diferente. As pessoas acostumam-se muito rápido com as coisas. E não é para sermos assim. Eu sou assim. Eu odeio me acostumar, por exemplo, com a ausência do meu pai. Mas acabo que estou aos poucos me acostumando. E não posso. Tenho que todos os dias arrumar um jeito de cultivar a presença dele mesmo sem ele estar, pois assim torna-se um jeito de traze-lo para mais perto de mim, mesmo estando longe. E isso serve para qualquer tipo de situação. As coisas, como as pessoas, apartamentos alugados, carros e imóveis, foram feitos para serem esquecidos um dia, abandonados, deixados. Mas não é o normal. Como também não é normal nos apegarmos a coisas de necessidade mínima. Acredito muito no amor, embora eu esteja no meu estágio normal. E o amor, querendo ou não, é a única coisa que fica. E ainda assim, há pessoas que esquecem. Esquecer hoje em dia é normal demais. As coisas passam, certo? Tudo passa. Se tudo passa, quem sabe um dia, tu passes por aqui...
sábado, 1 de maio de 2010
Guarde-me sempre contigo, e leve-me aonde tu fores...
Era sábado a noite. Havia muitas pessoas, transitando de um lado para o outro, como verdadeiras perdidas, rumo ao nada. Música alta. Sorrisos demais. Alegria (falsa) demais. Bebidas demais. Cigarros demais. Tudo demais. Ela logo sentou-se. Estava sozinha, e não fazia questão de companhia. Isso era o que esta dizia para si própria, quando na verdade seu coração era um órgão carnívoro, como se precisasse de alguém 24hrs do dia para ela. Ficou bem. Seguiu em direção à janela, como se necessitasse de ar puro, novamente. Tinha claustrofobia. Ficou por lá uns instantes observando as estrelas, o céu do equador, e tentando traçar rotas e destinos para seus planos que borbulhavam dentro dela. Começou a falar sozinha por impulso próprio, não tinha ninguém, começou a inventar.
Aproximou-se então, um rapaz alto, magro, com um cabelo que movimentava-se de acordo com o vento, parecia que eles dançavam uma melodia tão bela, em uma harmonia...
- Gosta de estrelas? - perguntou ele.
- Gosto, mas elas nunca estão a favor de mim - respondeu ela soltando em seguida um riso leve, quase como a brisa.
- Ora, mas porque não? Uma moça com tantos mistérios em seus olhos, as estrelas encantam-se com isto. - respondeu ele, admirado com sua franqueza.
(Silêncio)
- Mas quem és tu? - indagou em seguida, como quem quisesse livrar-se da monotonia da conversa.
- Sou isto aqui, o que estás vendo neste exato momento. - disse ela, com uma de suas mãos ajeitando seus cabelos.
- Então se não definiu a ti própria, creio que poderei tirar minhas conclusões. És tu então, uma garota como todas as outras preocupada em ajeitar o seus cabelos. Ou podes ser tu, uma moça no qual habita um mistério em seus olhos tão profundos, que, ao encarar-te, vemos um certo tipo de labirinto no qual dá diretamente ao seu coração. Certos caminhos tortuosos, ventos, tempestades, fúrias... És um liquidificador de sentimentos, no qual posso sentir daqui as suas pernas trêmulas, ao me veres falando tudo isto. - silenciou-se.
Demorou um pouco a digerir o quem sou eu traçado, então, no perfil deste homem, no qual ela nem conhece, apenas por três minutos, um homem no qual veio falar com ela perguntando sobre estrelas, e terminando em seu íntimo. Mas fora o único que, para ela, perdeu o tempo tentando decifrar o que esconde em seus olhos, escuros como um abismo para quem conhece, e claro como sol para os que nem sequer dão-se o trabalho.
- Não irei definir ao meu ser, se não tenho conclusões exatas. Assim como fizeste comigo, poderei fazer contigo. Dizendo-lhe quem és tu, ao meu ponto de vista. - tomou fôlego e logo prosseguiu - És um homem cujo interesse está em buscar algo no qual nem ti mesmo sabes o que é, e teu coração está tão quebrado e pisado, que tentas o reviver todos os dias, dando-o um certo tipo de impulso vital, algo como choque. Mas tu te deparas com um problema no qual não há médico que resolva. Teus sentimentos tão maltrapilhos, que tens vergonha de dizer o que passas, com medo de ser repreendido pelas pessoas que o cercam. Nunca estás sem ninguém. Mas sempre estás sozinho. - parou em seguida, e fitou-o por um momento.
(Silêncio)
- Eu procurei-te por todas as ruas, esquinas, travessas, cruzadas. Depois de tantos naufrágios, te procurei em minha cama, em meus sonhos. E nunca estivestes em meus braços, mas é como se fostes tu quem fazia ausência entre eles. - ele vomitara seus sentimentos para fora, sua busca tão vã em encontrar algo perdido.
- Eu andei perdida este tempo todo até tu vires ao meu encontro nesta noite, nesta janela, diante destas estrelas nas quais nunca foram a favor de mim. - respondeu ela.
- Como se, as coisas existissem de um jeito amplo porque tu sabes da existência delas. Mas se tu não estás por aqui, parece que tudo fica sem som, até o tempo arrasta-se de tão cansado ao ver-me procurando-te em cada canto da minha vida. Agora se tu vens, as coisas ficam mais bonitas. Os jardins florescem. As flores se abrem. A primavera bate na porta... Ai! Já enfrentei tantos invernos sem fim, com tua ausência... - prosseguiu.
O tempo era rápido. O tempo devorava em fração de segundos o encontro de duas almas perdidas. Levando sempre ao fim, algo com dificuldade para construir-se.
Ela riu consigo mesma, mas não achando graça do que este a dizia, mas achando graça da peça no qual o acaso ou destino a pregou, sem nem mesmo desconfiar.
- Quem diria tu estás no meio de tanta gente chata, sem nenhum conteúdo, no meio disto tudo, você... Irei ter que partir. Mas levo um pedaço de ti para a saudade não apertar-me mais do que já estou. Levarei tua presença para que ao partir, eu nunca esteja indo mas sim voltando. E cravarei teu nome na lua para que esta, conduza-me e ao voltar, traga-me a ti novamente. Ao aconchego do teu peito, no qual encontrei um abrigo. E que, sempre ao olhar para esta, verei nela o teu sorriso, e tua face dizendo-me o que dizes, assim, bem como tu falas... - respondeu ele com pressa, como quem precisa ir embora, mesmo sem querer.
- Eu insistirei em cultivar tua presença mesmo sem saberes. E procurarei o teu perfume, sem encontrar. Pois parece que ele existe apenas em ti, ou será que tu existes apenas para mim? - perguntou ela, com um olhar triste e distante, como quem não encontrava-se mais ali.
- Se minha existência é apenas para ti, sorria. Pois ao acordar, lembrarás que existe um guri no qual tu conheceste em uma festa inexistente, que existe só dentro de ti. De ti, do teu coração. Ao sentir saudades, procure um jeito de avisar-me, levando suas palavras as estrelas, estas que hoje a noite, ficaram a favor de ti, e que acompanharam-me todo este tempo enquanto eu a procurava. Ao cair da noite, voltarei para ti, para contar-te sobre os lugares no qual freqüentei e aonde tu te fizeste presente, bem ao lado da minha cama. E o teu sorriso será como o meu caminho iluminado no qual eu irei seguir para que um dia eu possa voltar para ti. - encostava uma de suas mãos sobre a face dela, como quem toca em uma jóia rara.
- Eu estarei te esperando. Sobre a presença das estrelas. - disse ela, com uma voz que mal saía.
- Agora terei de ir. Te cuidas, por favor, te cuidas bem. Eu voltarei para te buscar, e levarei a ti comigo. Aonde eu for. Agora, sustenta-te. E levanta-te. Irei te cuidar bem, quando eu, novamente, estiver contigo. Algum dia. - disse ele, já desviando seu corpo em direção a multidão que ali encontrava-se, e perdendo-se entre eles.
Ela já não o via mais. E disse consigo, só para ela escutar, e a noite que ali lhe fazia companhia: - Volte logo...por favor.
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